quinta-feira, 25 de abril de 2019

O escotismo nos anos da revolução - 1974/75: Breves apontamentos para a História da AEP




Período Pós-Revolução do 25 de abril 1974 a 1975
(As presidências de Fausto Salazar Leite)



Oficialmente o Escotismo [através da AEP e do CNE] tinha registado nos últimos anos antes da revolução do 25 de Abril uma melhoria nas relações com as entidades oficiais. A Mocidade Portuguesa estava em decadência e o seu Comissário Nacional não era nem ultra, nem sequer um político de carreira. O escotismo conseguia assim melhor ambiente e mais apoio.
Contudo, a guerra colonial ao mobilizar desde 1961 os jovens do sexo masculino, dificultava o crescimento do movimento, uma vez que à época a AEP (e o CNE) era uma associação exclusiva para rapazes. Existiam assim poucas unidades e poucos efetivos, pelo que o Escotismo chegou ao 25 de abril de 1974 sem suficientes quadros dirigentes e sem capacidade de resposta para os desafios e oportunidades que iam surgir.

Abril, 21 – Inauguração do grupo n.º 37 – Esposende (extinto pelo B.O. n.º 7/84, por estar inativo há muito tempo)



                                   Pós 25 de Abril de 1974
UMA NOVA ERA PARA O ESCOTISMO
Breve cronologia
Logo após o 25 de abril foi imperioso eleger um novo presidente da Direção Nacional, uma vez que o Almirante Henrique Tenreiro tinha sido detido.

Abril, 30 – Em função da mudança política, resultante da Revolução de 25 de abril, os Serviços Centrais da AEP emitem uma nota aos Grupos de Escoteiros, Chefes-escoteiros em geral e associados de todos os escalões.


Maio, 3 – A Direção através de Convocação assinada pelo Escoteiro Chefe Geral, António Tengarrinha Pires, marca extraordinariamente, uma Conferência de Dirigentes, para se reunir no dia 18 desse mês, pelas 21,00 horas, na sede dos Bombeiros Voluntários Lisbonenses para analisar a situação da Associação e proceder à eleição do Presidente.

Maio, 18 –A Conferência Nacional de Dirigentes reuniu a 18 de maio e elegeu o dr. Fausto Salazar Leite, figura conhecida dos dirigentes mais velhos, uma vez que estava fora do efetivo há já muitos anos, (tinha sido o principal obreiro da transformação operada na AEP em 1932, dando-lhe estruturas democráticas, tendo abandonado o Movimento em 1934). O percurso que iniciou à frente da Associação viria a criar algumas cisões.

O Boletim Oficial n.º 2/74, publica uma Nota da Mesa da Conferência, relativa às decisões nela tomadas.

Maio, 5 - Inauguração do grupo n.º 32 – Caldas de Vizela (extinto)

Julho, 6 - Inauguração do grupo n.º 38 – Paróquia Experimental de N.ª Senhora da Boavista – Porto (extinto)

Julho, 18 - No Boletim Oficialn.º 3/74, é confirmada a constituição da direção da AEP presidida pelo Dr. Salazar Leite, mantendo-se nos seus cargos os dirigentes anteriores, ou seja: Escoteiro Chefe Geral, Comodoro António Tengarrinha Pires; Secretário-geral, Albano da Silva; Tesoureiro-geral, Comodoro Domingos Diogo Afonso; Secretário das Relações Internacionais, Manuel Lopes Peixoto.
A notícia foi igualmente divulgada no Sempre Pronto.



Junho, 25 – É publicado o Boletim Oficial n.º 4/74.

Agosto, 7 – É publicado o Boletim Oficial n.º 5/74.

Outubro, 5 - Impondo um ritmo de trabalho invulgar, o Presidente procurou todos os possíveis apoios e constituiu os seguintes grupos de trabalho (publicado no Boletim Oficialn.º 6/74): 

Revisão orgânica: dr. Eugénio Henrique Ramos, dr. Fernando Meira Ramos, Luís Alberto Baptista e Mário Luzano P. Leite.

Formação de líderes: prof. António Álvaro Dória, Frei Bernardo Domingues, dr. Firmino Cansado Gonçalves e eng. José Maria Nobre Santos.

Publicações de Formação, boletim informativo e de intercâmbio: Antero Nobre, Ed. Ribeiro, Joel Ribeiro e M. Lopes Peixoto.

Reestruturação do SMU: Bernardino Teixeira, comodoro Domingos Diogo Afonso, Ernesto Clímaco do Nascimento e José Fernando Relvas Pereira.

Procurando ganhar tempo, logo no dia 8 realizou-se uma reunião geral dos grupos, para ouvir sugestões e na qual foram traçadas diretrizes e estabelecidas metas.

Outubro, 17 – É publicada uma Nota sobre a revisão das provas de classe.


Outubro, 19, 20 – O XVII “Jamboree do Ar”, que se realizou nos dias 19 e 20, contou pela primeira vez com a participação direta dos escoteiros portugueses, porquanto havia desaparecido as pesadas restrições impostas aos radioamadores e estes mostraram-se ainda mais disponiveis para colaborar com esta atividade escotista. Foi, por isso, uma grande festa que envolveu centenas de grupos da AEP e do CNE e marcou definitivamente esta jornada anual do Escotismo internacional.

Novembro, 28 - É publicado o Boletim Oficial n.º 7 / 74.

Dezembro – O dinamismo das atividades regionais foi a nota saliente ao longo do ano. No caso da Região Centro, a constante realização de acampamentos e exercícios de conjunto, dirigidos pelo próprio Chefe Regional com a colaboração de alguns chefes de grupo. O Chefe Regional considerou necessária a realização mensal de uma reunião de chefes, que se chamou de Conselho Regional, para estudarem a programação e calendário das atividades regionais conjuntas.

Neste mesmo mês, foi publicado o Boletim Oficial n.º 8 / 74.

1975


Janeiro – No Conselho Regional do Centro (CR), realizado no dia 7, foram discutidos o programa de atividades para o ano, os problema de organização do PNEC para apresentação de uma proposta à direção, o problema da falta de sede regional e o Nordjamb 75.
Na sequência deste CR, efetuou-se no dia 28 uma reunião dos chefes dos grupos e chefe regional com o EC Geral, que este destinou à troca de impressões sobre os problemas apresentados e, ainda, Estatutos, provas de classe e uniformes.

Fev-Março (?) - Inauguração do grupo n.º 46 – Moimenta da Beira (extinto)

Março, 15 – Publica-se o Boletim Oficial n.º 1/75.

Março – Por proposta do ECR Mariano Garcia, da AEP e organização conjunta dos chefes regionais das três associações AEP, CNE e Guias, nos dias 15 e 16 teve lugar no Seminário dos Olivais o 1º Encontro Geral Escotista da Região de Lisboa, com a participação de chefes de grupo e das diferentes divisões e caminheiros, convidados a apresentar intervenções subordinados ao tema geral ESCOTISMO – Pista para a liberdade. Preparado com o entusiasmo e pleno entendimento dos dirigentes das estruturas regionais, criou grandes expectativas quanto aos possíveis resultados, porém, apesar de algumas ações bem marcantes para os presentes, do clima de simpática harmonia em que viveram cerca de duzentos dirigentes, não foram significativos os ganhos obtidos e muito pouco se aproveitou das conclusões.

Abril, 11 – Filiação do Grupo n.º 13 da Secção Pina Manique da Casa Pia de Lisboa


Maio - Constituição dos grupos de Leça da palmeira (nº43 e Fânzeres (nº58).

Julho, 25 – É publicado o Boletim Oficial n.º 2/75.


Agosto – Organização conjunta da Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia, realizou-se de 29/Jul a 7/Ago, em Lillehammer na Noruega, o XIV Jamboree Mundial, a que chamaram NORDJAMB, o qual reuniu 17.700 escoteiros dos mais diversos países do mundo. O programa ao nível de patrulha que foi posto em prática pelos organizadores colheu êxito total e deu azo a que saíssem reforçados os laços de amizade entre os participantes, justificando, pela sua qualidade, o segundo título que lhe atribuiu uma revista escotista daquele país: “um Jamboree no superlativo”.
O contingente português, formado por rapazes da AEP e CNE, contava 46 elementos.

NOTA: A preparação do contingente português, que se iniciou nos primeiros meses de 1974 (antes, portanto, do 25 de abril) sob a égide do Subsecretário da Juventude e Desportos, teve aspetos muito curiosos que, talvez nunca antes referidos, vem a propósito divulgar, ainda que em pinceladas muito breves. Perante a enorme simpatia e disponibilidade do sr. Subsecretário, disposto a suportar todas as despesas com a representação de Portugal, um dos delegados da AEP presentes (Mariano Garcia) pensou abusadamente e sugeriu com displicência que se enviasse um contingente de 120 escoteiros, para os quais seriam necessários 40 tendas e outro material de campo como cantis lanternas, etc. Os restantes delegados entreolharam-se em silêncio surpresos com a ousadia da proposta e mais surpresos ficamos todos ao ouvir a resposta do nosso interlocutor: “pode-se fretar um avião à TAP para o transporte e o material é coisa de somenos, também se consegue”. Porém, pouco mais de um mês depois, veio o 25 DE ABRIL e o sonho de uma viagem em grande desvaneceu.

Agosto – A sugestão foi lançada pelos organizadores do NORDJAMB na Noruega: na impossibilidade de todos os escoteiros do mundo ali estarem presentes, se fizesse em cada país um acampamento que, seguindo as regras daquele Jamboree, pudesse comungar em espírito com aquele, criando “um grande aconteci-mento escotista”.
A AEP aderiu à ideia e a Região Centro programou para os dias 1 a 10 de Agosto, no Parque da Costa da Caparica, a realização de um Acampamento, para o qual convidou os grupos dos diversos pontos do país.
Estiveram presentes escoteiros de todos os grupos de Lisboa e arredores, bem como um significativo número de escoteiros vindos do Algarve, Porto, Entroncamento, Azambuja e, ainda, unidades do CNE vindos de Évora e Setúbal.
Pela sua importância e significado foi este acampamento, mais tarde, classificado de Acampamento Nacional.
A organização do Acampamento foi da responsabilidade do Chefe Regional Mariano Garcia, bem apoiado pelos chefes dos vários Grupos de Lisboa, onde se distinguiram especialmente Armando Inácio, João Constantino, José Relvas, Domingos de Sousa e Armando Carlos, que com aquele constituíram uma sólida equipa que proporcionou aos escoteiros em campo uma magnífica actividade.

Setembro, 16 – Faleceu Eugénio Ribeiro Nunes.


Outubro – O XVIII “Jamboree do Ar” teve lugar nos dias 18 e 19, com a participação de um número recorde de escoteiros e grupos. Decorreu já em tempo de liberdade de comunicações, o que o distinguiu dos anteriores e a possibilidade dos escoteiros serem os sujeitos das mensagens enviadas, aumentou em muito o seu interesse e o número de comunicações portuguesas cresceu consideravelmente. Tudo havia sido preparado ao longo do tempo e o seu organizador nacional, o dedicado Justino Estevão da Silva, preparara a atenção dos grupos e todos estavam a postos para mais uma extraordinária jornada de confraternização mundial, como só o Escotismo oferece.

Dezembro, 31 – É publicado o Boletim Oficial n.º 3/75.


Nota: Em 1975 é também publicado um Regulamento do PNEC.


terça-feira, 23 de abril de 2019

Dia Mundial do Escoteiro

O Dia Mundial do Escoteiro é celebrado no dia 23 de abril em homenagem a São Jorge, conhecido como um santo guerreiro, bravo e determinado. Baden-Powell escolheu-o para padroeiro dos escoteiros, por considerá-lo um modelo a seguir na luta pela defesa do bem contra o mal.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Apontamentos de história: a antiga sede da Fraternal


No dia 25 de maio de 2017 teve lugar a cerimónia de despedida das instalações da Fraternal  da Rua de S.Paulo, junto ao elevador da Bica, em Lisboa.
Desde a década de 1930 que no primeiro andar do número 254 da Rua de S.Paulo, funcionava a  sede nacional da Fraternal Escotista de Portugal, espaço onde também funcionou a sede nacional da AEP e a Chefia Regional de Lisboa e Vale do Tejo. Este edifício foi palco de momentos importantes da história do Escotismo Português, alguns dos quais recordamos aqui, nesta pequena fotobiografia.

A evolução do uniforme da AEP : breves apontamentos para a sua história


Na 52.ª Conferência Nacional da Associação de Escoteiros de Portugal (AEP), realizada em Beja [2013], foi aprovada a proposta da criação de um Grupo de Trabalho, para refletir sobre o uniforme da AEP e eventuais alterações e/ou adequações ao mesmo.
Neste contexto, entendeu a Fraternal ser pertinente trazer ao conhecimento a história dos uniformes da AEP, sem particular destaque para os distintivos e insígnias.

domingo, 14 de abril de 2019

A insígnia dos Escoteiros de Portugal: A sua imagem e uso ao longo dos anos



A flor-de-lis é a base de todas as associações de escoteiros, as quais acrescentam elementos capazes de identificar cada país.

As pétalas superiores são os artigos do compromisso de honra. Na pétala do meio existe uma linha vertical que simboliza o Norte, o rumo certo, o bom caminho que deve orientar a vida. As estrelas nas pétalas laterais, mostram os olhos sempre atentos que o escoteiro deve ter. A anilha que prende as pétalas é o símbolo da fraternidade mundial entre os escoteiros. O escudo sobreposto à flor-de-lis é o escudo português, mostrando assim que é uma associação portuguesa. A insígnia tem ainda inscrita a divisa “Sempre Pronto” que é a divisa da Associação dos escoteiros de Portugal (AEP). O listão tem as pontas voltadas para cima, como o sorriso de um escoteiro que cumpre o seu dever com um sorriso e boa vontade. Por último o nó que pende do listão serve para recordar a boa ação diária.

Ler mais sobre a imagem e respetivo uso ao longo dos anos.

Escoteiro ou Escuteiro?





 O Escotismo / Escutismo  foi fundado em 1907 por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell. É um movimento juvenil mundial, educacional, de voluntariado, apartidário e sem fins lucrativos.

O seu principal objetivo é contribuir para o desenvolvimento do jovem, promovendo valores que priorizam a honra, através da prática do trabalho em equipa e da vida ao ar livre, fazendo com que o jovem assuma seu próprio crescimento, tornando-se um exemplo de fraternidade, lealdade, companheirismo, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina. 

Há diferença entre ser escoteiro ou escuteiro? 
Este artigo ajuda a esclarecer.

O papel pedagógico do Museu Escotista


Um museu é, por definição, uma instituição permanente, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento. É por excelência, um espaço pedagógico e de divulgação do conhecimento. É também um espaço de prazer, de descoberta, de gosto pelo saber, de aprendizagem não-formal que convida à pesquisa, tal como a educação escotista. É acima de tudo um espaço cultural, e neste caso concreto, o local onde se expõem os testemunhos materiais da história do Movimento Escotista, reflexo dos seus valores e princípios.
O museu pode e deve estar ao serviço do educador escotista. É um bom instrumento para apoiar pesquisas e iniciar estudos e contribuir para o que deve ser o mais importante no trabalho do dirigente – fazer o escoteiro aprender a pensar. Tal como se escolhe um livro ou um capítulo dele para apoio de uma matéria, também o museu pode ser uma escolha para iniciar um assunto, complementar uma atividade, ou até mesmo ajudar a provocar uma discussão.


sábado, 13 de abril de 2019

Sala Polivalente


A Sala Polivalente foi um espaço reabilitado pela Fraternal em janeiro de 2017. É usada para a realização reuniões e eventos, como as feiras de artesanato ou a realização de check-ups para a população local.





Sala Valores e Método


A Sala denominada Valores e Método é um espaço destinado à divulgação dos Valores e do Método Escotista  e é especialmente dedicada aos escoteiros mais novos, aos pais e público em geral.





Sala Museu Escoteiros de Portugal


A Sala Museu Escoteiros de Portugal, está organizada por épocas e permite ter um conhecimento generalizado da história da AEP, desde o período anterior à sua fundação até aos nossos dias.




Sala Museu Escotismo Mundial


Na Sala Museu Escotismo Mundial encontram-se expostos objetos diversos representativos de algumas atividades mundiais – Jamborees, Rovers e Conferências - realizadas ao longo da História do Movimento Esco(u)tista Português.





Sala Museu da Fraternal Escotista de Portugal

O CIDE - ME é constituído por várias salas temáticas. A Sala Museu Fraternal Escotista de Portugal inclui todo o arquivo histórico da Fraternal dos Antigos Escoteiros de Portugal – de 1949 a 2012 -, a biblioteca, com alguns livros centenários e objetos ligados à Fellowship (ISGF/AISG).



Biografia: José Maria Nobre Santos

José Maria Nobre Santos

Foi o mais prestigiado dirigente escotista e, certamente. um dos mais destacados de toda a história da AEP. Nasceu a 19 de agosto de 1918, em Loulé e partiu para o grande acampamento em setembro de 2018.
O seu percurso e contributo em prol do escotismo não pode deixar de ser recordado aqui.



Cromos escotistas

  Q uem de nós não tem ou teve uma caderneta de cromos? Atualmente, grande parte das coleções de cromos são dedicadas aos campeonatos de f...